A ansiedade pode ser considerada o mal da sociedade moderna. Estamos tão conectados em tudo o que acontece o tempo todo, que facilmente nos sentimos ansiosos – a ansiedade é a reação à enorme velocidade com que as coisas acontecem, nos atropelando, confundindo a nossa mente e dificultando com que tomemos as decisões corretas para que nos livremos dos problemas que a originam.
Biologicamente falando, a ansiedade é uma característica que antecede momentos de perigo real ou imaginário, marcada por sensações corporais desagradáveis tais como sensação de vazio no estômago (ou “frio” no estômago), coração batendo rápido, medo intenso, aperto no peito, transpiração excessiva, entre outros. Todas estas características fisiológicas seriam muito adequadas se fossem experienciadas diante de um perigo real. O problema é, que para quem sente de ansiedade, não existe um motivo concreto que justifique estas sensações. Ela está ansiosa porque está, e pronto.
Existe uma série de substâncias orgânicas associadas aos quadros de ansiedade, tais como anormalidades químicas na biofisiologia cerebral, ou ainda distúrbios emocionais associados. Entretanto, estamos longe de descobrir o que veio antes, se o ovo ou a galinha: será que nos sentimos ansiosos em virtude destas alterações ou elas acabam acontecendo em virtude da forma como nos sentimos?
Qualquer um pode se sentir ansioso, e é normal se sentir assim se de fato estamos na expectativa do resultado de um exame, ou se demos um lance para comprar uma casa ou, ainda, se esperamos ansiosamente que o telefone toque. O que não é normal é que estas sensações se cronifiquem e se tornem absolutamente frequentes, se misturando com nossa própria personalidade e nos trazendo sofrimento. Quando isso acontece, ela está se transformando em doença e deverá ser tratada (inclusive com medicação, se for o caso).
A grande maioria das pessoas que sofrem de ansiedade apresenta sintomas físicos correspondentes à hiperestimulação do sistema neurovegetativo, responsável pelo reflexo de luta ou fuga. Outros, somatizam a ansiedade em sintomas físicos, incluindo dores de cabeça, tensão muscular e problemas intestinais. Sintomas bastante comuns são: fadiga, insônia, falta de ar ou sensação de sufocamento, confusão mental, sensação de desmaio iminente, dores do peito, taquicardias e palpitações, arrepios, suores frios e mãos úmidas, urgência em urinar ou defecar (falha no controle dos esfíncteres), dificuldade de engolir, sensação de “nós” na garganta e extrema dificuldade em relaxar.
Cerca de metade das pessoas com ansiedade buscam auxílio principalmente em virtude dos sintomas físicos. Quando envolvidos em processos psicoterápicos, não raramente notam a remissão dos sintomas ao mesmo tempo em que começam a se confrontar com problemas em suas vidas que nem eles sabiam que existiam – ou sabiam, mas em um nível muito sutil. A grande maioria das pessoas que sofrem deste mal começa a sentir no corpo o que a boca não fala da alma, e frequentemente se vêem compelidos a imprimir mudanças significativas em suas vidas conforme vão entrando em contato com suas verdadeiras aflições. Infelizmente, muitas pessoas apenas buscam ajuda quando o transtorno já está instalado há bastante tempo, exigindo mais tempo de tratamento e, muitas vezes, o uso de medicações como antidepressivos e ansiolíticos.
Uma característica emocional muito comum nestes pacientes é sua falta de conexão com o momento presente. É como se suas mentes funcionassem sempre ligadas ao passado (nos casos de depressão ansiosa, quando apesar da existência de sintomas físicos ligados à ansiedade o indivíduo encontra-se extremamente deprimido) ou ao futuro. Tendem a se lamentar pelo que sentem ter sido erros de seu passado, ou se preocupam enormemente com o futuro e os riscos inerentes a ele. Conforme vão sendo direcionados a estar, sentir e agir no presente, frequentemente o alívio dos sintomas acontece muito rapidamente.
Existe uma série de instrumentos e ferramentas que podem ser utilizadas na condução dos casos de ansiedade além da psicoterapia. A Acupuntura mostra resultados excelentes na extinção dos sintomas físicos e na qualidade do sono. Os Florais também auxiliam muito, fornecendo ao paciente maior autoconfiança e alegria na arte de viver. Modalidades meditativas auxiliam o indivíduo a se conectar com seu corpo e com o momento presente, e atividades como o Qi Gong restabelecem o equilíbrio perdido na vida emocional de quem sofre de ansiedade.
“A mente vive no tempo: está sempre no passado ou no futuro. Nunca está no presente. Quem está no presente é a alma, o coração. Por isso o presente não faz parte do tempo. O presente faz parte da eternidade”. (Mestra Zhu Lijie Wang)