Quando olho para mim em fotos da minha infância, eu fico tentando entender o que “deu errado” para que essa menina crescesse e acreditasse que não era merecedora de amor. (E mãe, eu sei que você deve ler isso e acredite quando eu te digo: a culpa não é sua).
Mas em algum momento essa ruptura com o cordão umbilical da vida aconteceu – e ela passou a se achar errada. Inadequada. Passou a achar que tinha defeitos e que tinha que ser diferente do que era.
Ela passou a acreditar, com todas as forças, que precisava “compensar” esse defeito para ser amada. Ela tinha que esconder o que sentia, disfarçar o que pensava e agradar a tudo e a todos para acreditar que era digna de receber amor.
Eu não sei exatamente quando ou porque isso aconteceu, talvez eu nunca saiba – talvez quando inventarem uma máquina do tempo, voltando no tempo, eu consiga descobrir.
Mas eu sei que da mesma forma que aconteceu comigo também aconteceu com você e com todo mundo que conhecemos.
Isso é inevitável.
Mas eu, quando olho pra essa foto, dessa meninas, esse olhar, esse narizinho, esses olhinhos de jabuticaba iguaizinhos os do meu Dante, eu sinto uma saudade tão grande dela que lágrimas me vem aos olhos.
Talvez não seja saudade a palavra – e sim NOSTALGIA. Eu tenho vontade de pegar essa menina no colo, e falar pra ela tudo o que eu vivo dizendo pra mim mesma. Que ela é perfeita. Que não precisa mudar em nada pra se sentir merecedora de amor. Que ela não precisa se sentir inadequada porque não existe isso de ser melhor do que a gente consegue ser.
Eu olho pra ela e com os olhos inundados de vontade de abraçá-la eu penso: vou passar o resto dos meus dias tentando amar essa criança de uma forma que a deixe se sentindo em segurança, aceita, acolhida e amada.
Essa vida humana é muito louca e eu fico me perguntando quem poderia ser tão criativo pra criar um ser tão complexo e confuso quanto o ser humano.
Quem, além de Deus?
No dia de hoje, busque a sua criança. Olhe para ela e pergunte do que ela precisa. E, quando ela finalmente se sentir segura para responder, ouça com atenção e comprometa-se com ela, até o final dos seus dias, em ajudá-la.
Esta é a verdadeira cura.
Nada mais.