Eu sempre tive essa coisa de ser intensa. Depois de anos me achando exagerada, dramática e louca, fui entender: sou escorpiana (e descendente de calabreses, o que explica muito).
Essa intensidade faz parte das minhas entranhas, vem de dentro pra fora e, diante de algumas situações da vida, me sinto sendo arrastada, jogada num mar revolto de pensamentos e sentimentos contraditórios, sem boia salva-vidas. Eu fico ali me debatendo, sobrevivendo. Até que tem hora que parece que passa. O sol volta a brilhar. Eu me distraio com os passarinhos ou borboletas e, quando vejo, o cenário mudou e se parece com qualquer coisa, menos o mar em fúria de algum tempo atrás.
O que eu vivo é essa dualidade: aceito esta profundidade e, diante destes momentos de escuridão, paro de resistir ao processo e me permito ir a fundo na loucura que for confiante de que o que não mata fortalece… Ou luto para não ser “tão assim”, pra ser menos, pra ser de uma leveza que eu nunca soube ser? Eu tenho certeza de que você, aí na sua vida, vive exatamente a mesma situação em alguns momentos.
Eu sei que você também tem essa dúvida, “assumo que sou assim e pronto” ou “faço de tudo o que puder pra ser diferente, pra sentir diferente, pra agir diferente?”.
O que eu tenho pra te dizer sobre isso é que É INÚTIL. É inútil tentar ser algo que você não é, da mesma forma que é inútil tentar deixar de ser algo que você é. É inútil e é injusto, porque você e eu somos um TODO, integrado, luz e sombra, alegria e tristeza.
E se conseguíssemos excluir qualquer pequena parte de quem somos, todo o resto se desmantelaria. Eu não sei sobre você, mas eu sou uma pessoa maravilhosa! Sou a melhor amiga que alguém pode ter, leal e generosa e me envolvo nas coisas que amo até as últimas consequências. Eu vejo poesia nas pequenas coisas e me emociono com banalidades.
Este é o outro lado da minha moeda de intensidade. A mesma característica que me traz sofrimento é também a que me traz mais alegrias – como posso querer ser diferente? Eu não preciso mudar quem sou. Eu preciso mudar o sentido que que dou para mim mesma.
É o julgamento mental que faço sobre mim mesma que precisa ser transformado. E o seu também. Avancemos!