O que você diria à sua criança interna? Como você se sentiria na presença dela? Você a acolheria? Diria que a ama incondicionalmente? Que ela pode contar com você, que você nunca vai abandoná-la? Que ela está segura, que as dores do passado ficaram para trás, que você vai cuidar dela daqui em diante?
Eu sempre tive uma relação complicada com a minha criança interna. Eu sentia um misto de dó, raiva e decepção. Ela não tinha sido como deveria ter sido para que eu pudesse ser como gostaria de ser. Para que eu pudesse ser a pessoa que queria ser, ela teria que ter “colaborado”.
Mas ela só tinha atrapalhado tudo e dificultado as coisas.
Ela tinha sido frágil quando deveria ser forte.
Ela tinha deixado que as pessoas usassem e abusasse dela, quando deveria ter imposto limites.
Ela tinha pagado preços altos para ser amada, e o preço disso tinha sido a destruição de sua autoestima.
Eu demorei muito para entender que a forma com que eu a tratava era a forma com que eu me tratava nos momentos difíceis e de fragilidade. A forma como eu me sentia em relação a ela era a forma com que eu me sentia em relação à mim nos momentos de “carne viva”. Eu achava que tinha que ser forte e não frágil. Eu tinha que impor limites e parar de deixar que abusassem de mim. Eu tinha que parar de pagar preços para ser amada.
A minha autoestima não dependia de como minha criança tinha agido no passado. Ela dependia da forma como eu tratava a minha criança interna no HOJE, todas as vezes em que ela vinha à tona.
Se você pudesse se encontrar com sua criança interna, o que você faria?
Pois FAÇA. Da próxima vez em que se sentir vulnerável, desconfortável, insegura, faça. Trate a si mesma e às suas próprias emoções da forma com que você gostaria que tivessem te tratado. Olhe para si mesma, em seus momentos difíceis, com a mesma compaixão e amorosidade que você gostaria de ter sido olhada. Acolha suas próprias emoções como você gostaria de ter sido acolhida.
A sua criança interna permanece bem viva, dentro de você, e não vai a lugar nenhum. Comece agora mesmo a se maternar como gostaria de ter sido maternada.